O meu vizinho Leitão
Quero hoje apresentar-lhes
o meu vizinho Leitão,
que parece mesmo um porco
porque não usa sabão.
Quando vai até à praia
leva sempre a refeição,
enterra ossos na areia
com as cascas do melão.
Faz chichi à beira-mar
no meio da multidão
pois não se pode cansar
a subir ao barracão.
Tem um cão cheio de pulgas
e carrega insecticidas
que salpica nas toalhas
das miúdas estendidas.
Cospe pastilhas elásticas,
atira papéis para o chão,
põe o rádio alto, alto,
a berrar como um trovão.
Vai buscar ao ecoponto
as latas de coca-cola
para com elas jogar
ao piparote e à bola.
Tira também as garrafas
que largaram no vidrão
para as partir à pedrada
porque nisso é campeão.
Limpa o casco do seu barco
mais o motor a gasóleo
na espuma branca do mar
tingido com manchas de óleo.
Caça gaivotas a tiro,
atira anzóis ao mar.
Mas só pescou três carecas
numa zona balnear.
Julga que não vale a pena
comprar um creme solar,
o melhor é besuntar-se
com gordura de fritar.
Ó meninos e meninas,
não gostavam de ir nadar
com meu vizinho Leitão?
Ele está a convidar.
Luísa Ducla Soares
(in O Livro das Datas
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