SOPHIA DE MELLO BREYNER ANDERSEN
Porto, 1919
Desde o livro de estreia, Poesia, de 1944, Sophia de Mello Breyner Andersen anunciava as principais características da sua arte poética: um rigor clássico traduzido numa enorme simplicidade de linguagem para dizer a aliança do ser com o mundo através de imagens nítidas como a terra, o sol e o mar. Em O Livro VI, Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores em 1964, estas qualidades estão presentes em toda a sua fulgurância, a par de um amadurecimento formal que levou Eduardo Lourenço a escrever: “Poesia de precoce e hoje de matura sabedoria, a de Sophia foi desde o início a de uma busca no espelho do mundo e num mundo de evidências aurorais, embora por isso mesmo ocultas, a evidência elementar do vento, da bruma, do mar, do jardim exposto e secreto, com a sua divina e opaca linguagem à espera que o poeta a descubra para aceder do seu próprio silêncio à revelação da sua íntima e indevassável evidência”. A sua busca, indiferente a escolas, correntes ou modas, (“sempre a poesia foi para mim uma perseguição do real. Um poema foi sempre um círculo traçado à roda de uma coisa, um círculo onde o pássaro do real fica preso”), prossegue nas obras seguintes: Geografia (1967), Dual (1972), O Nome das Coisas (1977, Prémio Teixeira de Pascoaes), Navegações (1983), Ilhas (1989)... É também autora de textos em prosa, nomeadamente Contos Exemplares (1962), Histórias da Terra e do Mar e os contos para crianças A menina do Mar e O Cavalheiro da Dinamarca. Nascida no Porto, de origem dinamarquesa pelo lado paterno e educada num meio aristocrático, esteve muito cedo ligada à luta antifascista e, a seguir ao 25 de Abril, foi deputada à Assembleia Constituinte. Os seus principais poemas de resistência política foram reunidos na antologia Grades (1970), sem prejuízo de a aspiração à liberdade e à justiça impregnarem toda a sua obra, como uma ética poética que lhe fosse natural. Viu a sua carreira consagrada com o Prémio Camões, em 1999. Mulheres nas Letras, Mulheres dos Livros
Sophia de Mello Breyner Andresen nasceu no Porto, em 06 de novembro de 1919, num ambiente aristocrático. Teve seu primeiro contacto com a poesia aos 3 anos de idade, quando uma criada lhe recita “A Nau Catrineta”, que aprenderia de cor. Ainda antes de aprender a ler, já sabia declamar poemas de Camões e Antero de Quental, ensinados pelo avô.
Viveu entre Porto e Lisboa, sendo que após o casamento com o advogado Francisco Sousa Tavares, passa a morar definitivamente em Lisboa. Sophia teve grande intervenção cívica, contra a ditadura de Salazar, que predominava no país. Sócia fundadora da "Comissão Nacional de Socorro aos Presos Políticos", a poesia é instrumento para cantar a liberdade, como se observa especialmente em O Livro Sexto. Foi Deputada à Assembleia Constituinte pelo Partido Socialista, depois da Revolução de Abril de 1974. Escreveu seus primeiros poemas aos doze anos. No discurso poético de Sophia de Mello Breyner, pode-se observar, para além de traços marcantes de sua cultura clássica e do seu fervor pela cultura grega, uma clarividente luminosidade entre a linguagem dos signos e objectos. Explora temas diversificados em suas composições, sendo um dos mais presentes a paisagem natural, descrevendo-a com imagens abstractas, observando-se uma visão metafísica do mundo.
Sophia de Mello é considerada também escritora expoente da literatura infantil portuguesa. Destacamos títulos, como: O Rapaz de Bronze, A Fada Oriana e A Menina do Mar.
Sophia traduziu para o português obras de Claudel, Dante, Shakespeare e Eurípedes, tendo sido condecorada pelo governo italiano pela sua tradução de O Purgatório.
Livros Publicados:
- Poesia,em 1944- O Dia do Mar, em 1947- Coral, em 1950- No tempo Dividido, em 1954- O Rapaz de Bronze (Literatura Infantil), em 1956- Mar Novo ; A Menina do Mar (Literatuta Infantil); A Fada Oriana (Literatuta Infantil). Escreve ainda um ensaio sobre Cecília Meireles na Cidade Nova, em 1958- Noite de Natal (Literatura Infantil. Publica ainda o ensaio Poesia e Realidade,em 1960- O Cristo Cigano, em 1961- Livro Sexto, distinguido com o Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, em 1964- O Cavaleiro da Dinamarca (Literatuta Infantil),em 1964- Geografia, em 1967- A Floresta (Literatura Infantil); Antologia, Portugália, cuja 5ª edição (1985 – Figueirinhas) é prefaciada por Eduardo Lourenço, em 1968- Grades, em 1970- Dual, em 1972- Publica em 1975 o ensaio O Nu na Antiguidade Clássica, integrado em O Nu e a Arte, uma edição dos Estúdios Cor- O Nome das Coisas, em 1977- Navegações, em 1983- Árvore (Literatura Infantil), em 1985- Ilhas, Texto, distinguido com os Prémios D. Dinis, da Fundação Casa de Mateus e Inasset-INAPA em 1990- Obra Poética" em 1990, reunindo muitos dos seus livros de poesias, publicada, pela Editorial Caminho, em três volumes.- Musa, em 1994- Livro/disco "Signo", em 1994- O Búzio de Cós, em 1998.
Também escreveu dois livros de ficção:- Os Contos Exemplares, em 1962- Histórias da Terra e do Mar, em 1984
Prémios- Grande Prémio de Poesia da Sociedade Portuguesa de Escritores, 1964 (Canto Sexto)- Prémio Teixeira de Pascoaes, 1977 (O Nome das Coisas)- Prémio da Crítica, da Assoc. Internacional de Críticos Literários, 1983 (pelo conjunto da obra)Prémio D. Dinis, da Fundação da Casa de Mateus, 1989 (Ilhas)
sábado, 7 de fevereiro de 2009
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